O Doutor Alegria, coitadinho, vive de mau–humor. “Nada me deixa mais mau-humorado do que pessoas que não estão sempre alegres!”, explica ele.
Sempre bravo e irritado Dr.Alegria é, no entanto, um otimista. Ele tem sempre um plano para gerar um mundo mais alegre.
Um otimista e um batalhador. Mesmo com dificuldades financeiras, Alegria coordena equipes e lidera amigos deprimidos. Do alto de seu constante mau-humor da duras ordens para que todos fiquem mais alegres!
Dr.Alegria jamais aceitou a tristeza. E, portanto, jamais aceitou a si mesmo.
No passado, Alegria foi um químico maluco que queria a fórmula perfeita para vencer a depressão. Até que um dia, ele explodiu o laboratório. Nascia assim o dr. Alegria, o herói mau-humorado que luta contra a tristeza. Verdade ou mentira? Não se sabe. Mas para Alegria era verdade. Era seu mito de criação.
O fato é o Alegria desistira da química, mas não de sua luta. Alegria luta diariamente contra a tristeza. É obcecado por ela, aliás.
Quando há pessoas felizes a sua volta, Alegria nem nota. Mas basta ver um depressivo que ele parte para cima, tal como um cachorro bravo, dando ordens para que ele fique mais alegre.
Às vezes, à noite, Alegria sonha em chegar ao poder. Quem sabe ali, do alto, bem do alto, o Alegria conseguirá mudar o mundo. Ele se imagina no palanque discursando com ótima oratória: "No meu governo a alegria reinará. Nem se for à força!”. E nos seus pensamentos mais secretos, Alegria faz até o trocadilho: “Nem se precisar de forca!”.
Mas durante os dias, na prática mesmo, o Dr. Alegria esta sempre trabalhando. Sempre batalhando. Sempre tentando construir um mundo melhor. É hiper ativo e só descansa quando está completamente exausto.
E só fica exausto após um pilequinho. O fato é que o Dr. Alegria, coitadinho, nunca esta alegre; mas, vira e mexe, bebe. Beber é a mania do Dr. Alegria. Só a marvada pinga que lhe atrapalha.
É na ressaquinha que Alegria sai da hiperatividade e consegue, finalmente descansar um pouco.
Nesses dias de ressaca, o Dr. Alegria sai para andar no parque. Um lugar lindo, cheio de passarinhos, com crianças brincando e adultos praticando esportes. Mas Dr. Alegria não nota nada disso. Imerso em sua tristeza, Alegria não percebe a alegria ao seu redor.
Ele costuma passar caminhando ao lado de um parquinho, aonde dezenas de pais brincam com seus filhos. Mas ele não tem tempo para essas bobagens. Seu cérebro, ao ficar de ressaca, deixa de ser ativo, mas fica melancólico e reclamão. "Antigamente, o mundo era muito melhor", costuma pensar o Alegria.E, no exato momento em que ele lembra como em sua época as crianças eram mais felizes, uma bola de vôlei acerta sua cabeça. Alegria se assusta. Uma criança vem buscar a bola e corre em direção a Alegria. A criança vem sorrindo e seu olhar convida o Alegria para brincar. Pode ser algo simples, um chute estiloso, uma cena clownesca, qualquer coisa. A criança só pede um sinal, algo que consagre a brincadeira e a alegria. O Doutor, no entanto, ainda esta assustado com o choque e furioso por ter saído do transe. O Alegria olha bravo para a criança e chuta a bola sem vontade. Ainda tem tempo de pensar o quão perigoso pode ser andar no parque. "Já pensou se essa bola me acerta o cérebro?".
Além das análises macro-sociais, Dr. Alegria também cede a momentos mais melodramáticos. “Eu podia ter dado mais sorte”. “Eu merecia mais!!”, bradava o furioso cérebro tristonho do Dr. Alegria. “Eu podia ser um homem mais feliz, ter filhos, família.” “As mulheres nunca me deram bola!!”, reflete ele ao passar ao lado de um grupo de mulheres disponíveis que sorriem para ele.
Mas a ressaca e a tristeza passam logo logo. O Dr. Alegria é, antes de tudo, um forte. Ao fim da tarde, ele já esta hipermotivado e parte novamente para sua solitária batalha constante para chegar a Alegria perfeita.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
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