Henrique Alberto de Costa Lima e Silva, mais conhecido como Zé da Silva, foi o maior não-ator da história das artes dramáticas nacionais. Atuou em mais de 800 trabalhos, entre peças, filmes, novelas e performances.
Silva teve uma vida difícil. Após não atuar por anos como playboy comedor de atrizes ele partiu para a não atuação mais dramática. Revelado por Fernando Meirelles e Fátima Toledo (dois precursores na utilização de não-atores profissionais) ele fez um não-sucesso imediato. A partir daí não-atuou em inúmeros papéis. Fascinado pela não-atuação shakeasperiana, Silva, fez grandes não-atuações de personagens clássicos como Ricardo III, MacBeth e Hamlet (aonde cometeu a famosa gafe-criativa: “Ser, mas não ser. Eis o filão”). Sua não atuação mais famosa foi em Romeu e Julieta, aonde não-atuou nos dois papéis, trocando de perucas com uma velocidade impar, tal como só um grande não-ator consegue fazer. Sua Julieta, mega feminina e delicada, foi considerada pela já senil Shakeasperóloga Barbara Heliodora a não-Julieta perfeita. Atuou também como não-cantor, não-interpretando muitas músicas clássicas, num estilo único e imediatamente reconhecível.
Sua fama se estendeu ao exterior. Ficou notório mundialmente quando recusou o Oscar de Melhor Ator, explicando que ele nunca atuou. Foi assim que surgiram as categorias de Melhor não Ator principal e Melhor não-ator coadjuvante, hoje fundamentais na premiação.
Silva foi também um estudioso. Sua tese não-academica “ Não-Atuação em Cinema e Televisão” investigou as bases a-historicas da não-atuação em rituais dionisíacos e no cinema neo-realista.
Preocupado com a não-profissionalização da categoria Silva criou o Sindicato de Não-Atores, que hoje é o maior sindicato do planeta, reunindo quase 60% da população brasileira existente fisicamente e uma quantidade ainda superior de não-atores falsos, que existem apenas em perfis do facebook.
Silva era também um homem ligado à educação. Criou o primeiro Curso Regular de Não-Atores que através de terapias altamente especializadas converteu milhares de atores a não-atores. O próprio ex-ator Wagner Moura (que tinha ficado viciado no refrão “ninguém sai”) só conseguiu superar seus cacoetes interpretativos após o curso de não-atuação organizado por Zé da Silva.
Silva é um símbolo para nosso país tropical. Representa nossa capacidade de trabalhar fingindo que não trabalha, de dominar fingindo que não domina, de SER fingindo que não é.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
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Muito bom, Newton!!! Arrasou!!!
ResponderExcluirAcho que essa entidade psicológica que habita o cérebro do Newton é tipo a do Pessoa. Só que o Pessoa tinha uma certa organização. As entidades vinham de forma agendada e tal. Mas esse Palhaço é muito hiperativo e...zuzZumm muita idéia, muita idéia!!!
ResponderExcluir(ah, o texto é boníssimo )
uau!!!!!!!! obrigada!
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