quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Morto-Vivo

Será que para quem é morto, morto são os vivos?
Ou explicando melhor.

SUPONDO QUE HÁ VIDA APÓS A MORTE
Como, exatamente como, um morto – que, na prática, esta vivendo a vida após a morte - pode ter certeza que ele está morto? De seu ponto de vista, aquilo não é a vida?
E ainda nessa lógica. Como um vivo pode saber se aquilo que ele vive não é a morte? Ou melhor, a vida após a morte.

Será que nós, os vivos, somos - na verdade - os mortos?

domingo, 2 de agosto de 2009

O ciclo de desconfiança

Caros amigos,

Saiu um artigo do Luiz Eduardo já está publicado no site Gramsci, muito interessante. Basta seguir o link
http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=1123

O artigo me motivou a escrever umas reflexões que comecei a ter por esses dias. Foi durante o debate com o Juca Ferreira e Alfredo Manevy no Teatro Oficina. Eu troquei umas idéias com o Pedro Rovai e bolamos esse conceito de ciclo de desconfiança, de como o controle público dos orçamentos evoluiu para um estado paranóico que, de tanto medo de ser “roubado”, acaba incentivando a corrupção. E de como esse modelo tem causado sequelas a criação.
Por coincidência dialoga com o texto do Soares e, após ler o artigo dele, decidi botar no papel.
Espero que contribua.
abraço
Newton

O ciclo de desconfiança
(ou como o estado paranoico incentiva a corrupção)

Sempre que me envolvo minimamente com produção cinematográfica fico chocado com a quantidade de papeis que eles exigem. A coisa é tão maluca que os tecnicos recomendam os produtores a , antes de realizar o filme, já elaborar a prestação de contas. Isso sem ter ainda negociado com nenhum de seus parceiros, não tem fechado nenhum cache, não ter ainda negociado com fornecedores, etc... Mas você já tem que definir todos os custos antes, pois não poderá mudar depois. Assim, um projeto tem agora duas obras ficcionais: o roteiro e o orçamento.
É um caso tipico de estado que, paranoico pelo medo de ser roubado (ou de ser denunciado pela Veja, na verdade), acaba incentivando a corrupção
É um ciclo de desconfiança!
O Estado parte do pressuposto que todos os produtores culturais são bandidos que querem assaltá-lo. É como se toda vez que você saisse a rua houvesse policiais revistando todos os cidadãos para ver se eles não são "criminosos". É um Estado de vigilancia permanente, um estado paranoico.
O pior é que isso incentiva a corrupção. Psicologia básica. Teve uma epóca que eu tinha muitas amigas e amigos entre pessoas que são próximas a criminalidade. Eles viviam em casa, faziamos festas e viamos filmes. Nunca ningúem me roubou. Mas uma noite olhei para uma menina e achei que ela ia me roubar. Fiquei com isso na cabeça, não me saia da mente. Eu olhava para ela desconfiado, preocupado. Numa dessas olhadas ela notou. Eu fiquei ainda mais preocupado. Pensei em fazer alguma coisa, tirá-la de lá. Mas ela já tinha roubado meu IPOD e saído de fininho. Foi um tipico exemplo. Ela é realmente uma pessoa que tem hábito de roubar. Mas não acredito que ela estava pensando em me roubar. Pois ela não era patólogica. Mas quando eu a julguei como ladra, ela na mesma hora, decidiu me roubar. Meu julgamento prévio a motivou.
É assim que a constante desconfiança do estado diante dos parceiros que ele apoia acaba gerando um ciclo de desconfiança. Um ciclo aonde todos acabam fazendo orçamentos fantasiosos para suas obras, apenas para justificar a prestação de contas em relação ao estado. Assim, um cara que apenas está fazendo um projeto cultural de 50 mil reais, começa a usar as mesma "técnicas" de prestação de contas falsas, de um corrupto mega-milionário.
Tal como as cadeias ensinam jovens a serem criminososo graduados, o modelo de produção cultural ensina os realizadores a falsificarem orçamentos.
Além de incentivar a corrupção esse modelo inibe a criação artistica livre, pois burocratiza, exige previsão completa da obra a ser realizada, invializando todos os produtos artisticos baseados em work in progress. A criatividade é totalmente inibida.
É preciso romper o ciclo de desconfiança
Jà existem soluções ensaiadas no Estado
Um projeto como o DOCTV não pede sequer prestação de contas ao produtor do documentário. Ele parte do pressuposto que o estado está investindo no filme sendo, inclusive, sócio do produto final. Então ele dá a grana e exige, como prestação de contas, apenas o produto final.
É uma solução fantastica em sua simplicidade!
É claro que o doctv ainda trabalha com valores menores. Para valores maiores pode ser que sejam necessárias outras formas de "controle". Pode-ser por exemplo, distribuir o dinheiro em 3 parcelas. Mas permitindo a permanente recriação do orçamento e sem panico com a suposta roubalheira. Supondo-se que o produtor conseguiu gastar menos do que previsto no filme. Há algo de errado em ele ficar com o restante?
Para mim obviamente não!
Isso de querer impedir que o produtor ganhe a sobra da grana é resquicio de ética católica que quer impedir o enriquecemento dos capitalistas brasileiros.
SE ele consegue entregar um produto de qualidade com menos custos (e cumprindo, por exemplo, as tabelas dos sindicatos para salarios das pessoas), não há mal nenhum em o produtor ficar com o resto da grana
Para um investidor, o estado, o que deve interessar é que ele fez a obra. E a qualidade da obra.
Se o estado parar de se imaginar como provedor de ajuda, e se imaginar como investidor, ele deixará de tratar os empresarios (culturais ou de qualquer área) não como um suposto ente que quer assaltá-lo. Ele pensará nos empresários como sócios na construção de um mesmo projeto: um Brasil melhor. Será quebrado o ciclo de desconfiança e os talentos poderão aflorar.

domingo, 19 de julho de 2009

existencialismo ludico

EXISTENCIALISMO LUDICO

Nunca fui pessimista
Mas sempre gostei do Esperando Godot, do Beckett.
Sempre achei estranho, sempre me falavam do existencialismo , da transitoriedade, do absurdo da vida e tal... Sempre que ouço esse papo me dá um pouco de sono. Me lembra papinho cabeça de intelectualzinho brasileiro que ainda está preso na colonização cultura francesa. Soninho. Mas eu gostava do Godot.

Relendo hoje eu entendi porque: eu gosto pois os personagens são palhaços.Todo o diálogo lembra o burlesco e há cenas inteiras de humor físico na tradição pastelão.

Resumindo: existencialismo é ótimo!
Desde que se entenda que a vida é uma comédia e que nós somos os palhaços!
Se misturar existencialismo com melodrama aí a vida vira aquela chatice de depressão francesa.
Se misturar com tragédia vira os livros do Camus, que foram legais na adolescência, mas não se aplicam a vida adulta.

Lendo o Godot me lembrei do fantástico prefácio do livro “Pastelão, ou Solitário Nunca mais”. Nesse prefácio, Kurt Vonegut (o maior existencialista palhaço de todos os tempos) analisa como O Gordo e o Magro são a melhor lição que um ser humano pode ter para a vida.


Pois o existencialismo tem que ser cômico.

Resumindo:
Não é que a vida não tem SENTIDO.
É a gente que só sabe o sentido dela depois de viver!

Na vida a gente não é autor, nem roteirista, nem diretor.
É só personagem. Todos os personagens nossos são – do ponto de vista do narrador - grandes palhaços. Nada mais engraçado do que um personagem melodramático reclamando da vida. Ou do que um personagem dominado pelo cérebro.
Há momentos de dramas reais, como todo bom filme do Chaplin.
Mas a essência é de palhaço!
Quem sabe disso pode, quando muito, se tornar um escada de palhaços. Quando muito. E recomendo que deixe vir seus momentos de palhaçada completa.
Pois precisa.

Quando aceitamos que somos apenas palhaços acalmamos e podemos curtir
Tudo que nos resta é fazer direitinho nosso papel
Como diria Vonegut, num trecho do citado prefácio:
“A base do humor do Gordo e o Magro, creio eu, era que eles se esforçavam ao máximo em cada prova que tinham pela frente.
Nunca deixavam de enfrentar de boa fé o seu destino, e eram fantasticamente adoráveis e engraçados na tentativa”.
Gordo e Magro são o existencialismo popular. O existencialismo sem firula francesa, o existencialimo poético da vida real.
O existencialismo foi importante para trazer aos orgulhosos intelectuais de um país colonizador falido a consciência de que sua vida é transitória. Que mesmo com toda sua produção artística, toda sua cultura, eles são apenas mais uma peça no tabuleiro do grande espetáculo da vida.
Sarte e os existencialistas foram fundamentais para despertar essa consciência entre intelectuais e o fez no tom serio-dramático da filosofia tradicional. Mas basicamente, o que o existencialismo fez foi traduzir o Gordo e Magro para a grande filosofia.

Essa humildade que vem da consciência da transitoriedade as classes populares sempre tiveram. E se o tom sério dramático do existencialismo acabava levando ao suicídio, o tom leve da comédia acaba levando a uma vida ainda mais plena.

A comédia popular sempre mostrou que o que importa é participar da vida com presença, contribuir para essa improvisação aparentemente amalucada com a confiança de que a equipe é boa e o roteirista talentoso. Que no final, vai ficar tudo claro e tudo vai fazer sentido.
E ter como principio básico: contracenar com nossos colegas de palco!
Tal como um bom palhaço!

Pois o que importa é que a peça fique boa!

Por tudo isso chegou a hora de superarmos o existencialismo serio dramático e alcançarmos o existencialismo lúdico.

Um existencialismo baseado em presença, participação, confiança em deus (o autor) e alegria!

Um existencialismo palhaço.

Por isso, meu blog é, antes de tudo, um blog de palhaço!

Cosmogomia

Cosmogomia

No inicio Ele era uno. E como ainda não tinha criado nada, ele era uno e único.
Sem nada para fazer e sentindo-se sozinho naquela unidade toda, Ele conclui: algo não vai bem. Ele viu dois problemas. Um é que ele era muito complexo. Sentia que sua personalidade tinha muitas e muitas facetas, era difícil entender a si mesmo. Ele queria saber: afinal, quem sou eu?
Além disso, tinha outra coisa. Ele se sentia sozinho. Não tem sentido eu ficar aqui sozinho, sem ninguém para conversar, apenas eu, na minha unidade toda! E então ele gritou, inventando o verbo: Eu quero casa cheia. E quero novidade permanente!
Foi assim que ele inventou o verbo. Assim, meio de supetão, apenas para verbalizar sua crise.
Mas isso não resolveu o problema. Esse era, para Ele, um baita problemão, de difícil resolução.
Foi então que ELE começou a meditar. E mesmo sem ainda ter tido a idéia de separar o tempo do espaço, ele passou milênios, bilenios, de um calendário ainda inexistente, apenas ali, meditando. Seus pensamentos iam e vinham sem controle e ele nunca chegava a resposta de sua conclusão: afinal, quem sou eu?
A meditação foi tão longe que ele chegou no transe. No inicio foi difícil, Ele tinha muita coisa a resolver, pendências de vidas passadas e tudo mais. Ele teve passagens difíceis, sofreu, limpou, peiou! Até que chegou uma hora que Ele, para surpresa Dele mesmo, não passava mais mal. Ele já não procura solução alguma, ele apenas vivia aquele instante. Ele foi acalmando, saindo da crise. Apenas curtindo. Foi assim que Ele realmente meditou. E logo a seguir descobriu o prazer e criou sua segunda grande invenção: o sorriso!
E foi assim que ele passou bilênios, triênios, ERAS completas apenas sorrindo de inúmeras formas. Nunca alguém sorriu tanto quanto Ele.
Foi então que na hora que na hora que ele já tinha esquecido esse papo de Quem sou eu?, na hora que ele já se sentia muito bem sozinho mesmo foi então que Ele - FINALMENTE e ainda de forma inconsciente – fez sua primeira criação.
Foi assim, de súbito, como se viesse do nada. De repente ele - mesmo sem ter inventando a visão - viu alguém perto dele.. Foi quando ele criou esse SER Ele percebeu como é gostoso ter companhia.


Cosgomia: Segunda parte : Eu sou é vários!
Mas logo Ele viu que ele, ainda era muito pouca gente. Além disso, na época Ele ainda não era muito criativo e sua primeira criação era muito a sua imagem e semelhança. Mas já era alguma coisa. Era alguém além Dele. Meio parecido, mas alguém. O chato é que ele passava o tempo todo perguntando: Me responda: quem sou eu? Por mais que Ele explicasse a ele que ele era apenas uma projeção Dele mesmo, ele não acreditava. Desde esse dia, Ele desistiu de falar com suas criações e percebeu que era mais legal apenas observá-las.
Foram os piores bilênios de sua vida. Ele estava cada vez mais entendiado com ele mesmo Era chato para caramba ver a si mesmo ali, sendo um chato que reclama o tempo todo e nunca alcança solução. Nada pior que conviver com gente parecida conosco. Foi assim que Ele, pela primeira vez na vida, pensou – por um bileonesimo de segundo – que essa crise que ele vive a bilênios de anos era meio chata e repetitiva. Mas foi só um instante. A seguir a crise – que ainda o dominava – voltou a dominá-lo.
Até que Ele – quando já estava desistindo de si mesmo - teve sua primeira IDEIA racional! A primeira criação foi apenas intuitiva, mas a segunda foi também racional. Ele decidiu separar Ele mesmo em dois seres. Assim, ao invés de ficar apenas ouvindo um monologo Dele consigo mesmo, ele poderia ouvir – sem participar - um diálogo entre dois seres. Ele chamou a eles de Masculino e Feminino. A idéia, aparentemente simples, era genial. De uma tacada só Ele inventou os números, a matemática, a divisão, o diálogo e o teatro. Em termos de literatura Ele saia do lírico e entrava no modelo dramático.
Ele aprendeu muito com aquele simples diálogo entre dois seres. Pela primeira vez ele percebeu que esse papo de uno era ilusão Dele mesmo. Ele era uno, mas era dois. E que ouvir o diálogo entre duas partes de Si mesmo é uma ótima forma de aprender sobre si mesmo. Até hoje, quando um homem discute com uma mulher, eles estão apenas trabalhando para que Ele entenda melhor suas várias facetas e sua infinita complexidade.
Foi assim que Ele começou a CRIAR todas as coisas.. No inicio, Ele criava para resolver sua crise, mas Ele logo pegou gosto pela coisa e a criação virou um prazer em si mesmo.
No início ele estava numa pira de que Ele era dois, estava numas de Binário. Aí começou a separar tudo em dois. Foi assim que ele decidiu separar a matéria do espírito. Ele adorou, achou perfeito. A matéria era ótima para dar concretude as coisas e também representava muito bem aquela permanente sensação de aprisionamento que Ele sempre sofrera. Já o espírito era Etéreo e permitia que Ele continuasse dando os seus infinitos vôos astrais.
Depois decidiu separar o Tempo do Espaço. Ele também adorou, achou super útil. Antes as coisas ainda aconteciam de forma muito simultânea e eram difíceis de entender a história. Agora as coisas aconteciam uma de cada vez, era ótimo. Foi assim que, após inventar o diálogo, ele inventou a narrativa e a partir daí tudo ficou mais claro e ele podia acompanhar melhor as suas histórias.
Foi assim que surgiu o mundo físico.

Mas logo ele percebeu que esse papo de Binário era uma limitação, que esse papo de Ele era dois era outra noia sua. Ele não era apenas DOIS, ele era muitos.
Aí começou a multiplicar. Foi um período áureo, sua infância criativa. Ele passou bilênios e bilênios numas de artesanato, brincando de massinha e fazendo seres a seu bel prazer. Foram criados mundos e fundos nessa época. Mas o fato é que ele também se cansou.
Logo, Ele começou a perceber que estava se repetindo. Suas criações estava virando obra de autor, começaram a expressar temas recorrentes, repetitivos. Ele via que as possibilidades eram infinitas e sentia que não estava sendo criativo o suficiente para inventar tudo que deveria para poder assistir a todas suas inúmeras facetas.
Foi assim que ele lembrou da Matemática. Ele percebeu que para entender a si mesmo não bastava ser um artesão. Ele gostava de criar, mas tinha que passar a gestão! Foi então que ele criou a matemática, a programação, e a inteligência artificial.
Assim, ao invés de criar cada coisa de forma artesanal, Ele criou o Sistema operacional que rege o mundo, um imenso algoritimo combinatório que faz com que as coisas criem a si mesmo. O Grande Algoritmo, do qual todas as leis da física e da biologia – termodinâmica, newton, relatividade do Einstein, genética - são apenas a parte que um de seus seres - os Homens – podem compreender dentro de sua parca capacidade de abstração.
A partir daí as coisas começaram realmente a acontecer. Ao invés de ficar criando sozinho Ele mesmo começou a assistir ao imenso mistério da Criação.

A partir daí Ele alcançou a felicidade! Ele hoje, é um Homem pleno.
Seu Sistema Operacional o surpreende a cada segundo, criando coisas cada vez mais inusitadas. Quando dá suas raras entrevistas ele lembra do fascínio que teve no instante aonde aquelas simples partículas de matérias se organizaram e fizeram surgir a vida, e suas posteriores e magníficas manifestações. “Coisas que eu mesmo nunca imaginei!”, diz ele com o orgulho do pai que vê o filho entrar na faculdade. Ele também chora sorrindo, sempre que conta de como – para sua grande surpresa o Sistema fez surgir um ser tão maluco como Ele mesmo - que tal como ele sempre passa tempos em crise, apenas pensando – Quem sou eu? – e que tal como Ele – começou a criar coisas para tentar descobrir esse mistério. Para Ele é lindo ver esse SER – tão pequeno, mas tão parecido com ele mesmo - passar a cada vida por tudo que Ele passou e lutar para superar seu problema fazendo criações como Ele mesmo criou. Ele também conta com orgulho de como esse Ser conseguiu Ele mesmo, inventar outras coisas que criam outras coisas: os computadores. Assim, com o Homem a criação (C) virou exponencial e chegou ao C2 (c ao quadrado). E com o computador a criar chega ao C3 (c ao cubo). Se multiplicam cada vez mais as facetas do primeiro Criador!
Pòr tudo isso, Ele hoje é um Homem feliz.
A cada instante O Sistema vai criando uma faceta sua , descobrindo novidades sobre Ele mesmo. Ele pode ficar ali, assistindo isso o tempo todo. É verdade que Ele nem sempre tem tempo de acompanhar tudo isso. Ultimamente Ele tem estado tão calmo que passa horas apenas curtindo a vida em meditação. Pois já faz tempo que Ele parou de tentar entender quem Ele é. Ele já sacou que não existe uma resposta definitiva até porque, Ele mesmo vai mudando o tempo todo. Ele já percebeu que Ele é tão complexo que nem Ele mesmo entenderá.
Ele já sacou que o problema não é esse. Que a única coisa que importa mesmo é ir olhando a criação e criando coisas para entender um pouco mais sobre Si mesmo. Sem se preocupar em chegar a respostas definitivas, e criando apenas pelo prazer de conhecer cada vez mais sobre Si mesmo e as inúmeras facetas da Criação. E do alto de sua calma ele continua torcendo para que cada Homem entenda o que Ele já entendeu e continua criando coisas novas pelo prazer da Criação.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O porno e a auto-disciplina

Meu nome é doutor Canneta e hoje a noite vou estar na Gimenez para discutir uma menina que faz strip virtual.
Mas quero debater mesmo é sobre o público dela, o público de programação porno ou erótica
Começo com um depoimento: eu, dr. Canneta, já fui viciado em filme porno.

O louco é que está muito fácil. Na minha pré-adolescencia eu ficava com a tv ligada baixinho no quarto, para tentar ver uns peitinhos nacionais na Sala Especial. Lembro do primeiro dia que vi uma revista porno. Para meu azar a mulher tinha uma "buceta peluda" e me assustou. Não era a Claudia Ohana, era outra. Mas me assustou. Só muito mais tarde fui compreender a beleza peluda da Ohana.
Mas o principal é que era dificil e secreto.
E de repente, ao ficar mais velho, tudo ficou fácil.
Mesmo para jovens há sites com vídeos gratuitos e há mulheres lindas que trepam como loucas.
E você resolve rápido. Em 1 minuto já bateu punheta e gozou. Está pronto para voltar ao trabalho.
É simples e eficaz!
E, nessa área, eu nunca tive prisão de ventre.

Será isso bom?
Como lidar com a imensa oferta de sexualidade na internet?

O fato é que vicia.
Não é dos piores vicios. Mas não existe vicio bom.
Não é questão de moralismo, mas é necessário dizer: é um desperdicio gastar sua energia sexual em 30 segundos, excitado com o vídeo de uma americana que não sabe que você existe!
É melhor guardar!

Lembro da epóca que fui viciado : me dava preguiça só de pensar em paquerar mulheres. Afinal eu já tinha gasto todas minhas fichas na net. Ao perder a energia o passo seguinte é a depressão.

Hoje vejo quanto sexo construtivo deixei de ter para gastar as fichas com mulheres que até hoje naõ sabem que eu existo.

Não foi legal. Ao parar com o vicio estranhei no inicio. Tive sindrome de abstinência. Mas recuperei minha potencia vital.

O desafio da epóca atual é lidar com a liberdade! Conseguir ter a liberdade de acessar um vídeo porno gratuito e saber que não vai fazer isso.

É um baita desafio!! Que tento vencer diariamente.
Nos dias de hoje, com a imensa liberdade que temos, precisamos de cada vez mais auto disciplina.

Canneta

Hoje na Gimenez

Daqui a pouco vou ao programa da Luciana Gimenez.
O tema é uma menina que faz strip na web.
Vai ter um debate sobre isso!
Impressionante como é possível ter debate sobre qualquer assunto!

Mas vamos lá. Doutor Canneta é assim: intelectual a serviço do público! De três palavras chaves que discuto qualquer assunto!

Aí fiquei pensando na questão e no debate. Não sei como vai ser , nem vi a menina, nem sei quem vai, nem vi a pauta.
Se for debater a suposta imoralidade dela vai dar até preguiça. Afinal é um debate eterno e repetido.

Muito mais interessante será debater o que significa, para o cliente, consumir sexo virtual.

A grande questão é: é bom para o público? Vale a pena usar esses serviços??

Tomar que o debate vá por aí!

Newton Cannito

Juca de Oliveira - Nosso Swift

Ola gente
Tive o prazer de ir a estreia do espetáculo, Happy Hour, escrito e interpretado por Juca de Oliveira e dirigido pelo Jo Soares.
Vale a pena!
Juca é o grande satirista do Brasil no momento!
Ele é o nosso Swift!
(satirista ingles autor de Viagens de Guliver e Panfletos Satiricos).

O espetáculo é um Stand up do Juca.
As outras peças de Juca costumam construir uma estrutura dramática para expor suas idéias. São muito boas.
Mas é ótimo ver as ideias expostas sem a mediação da dramaturgia e do personagem.
É legal ver a inteligência do Juca efetiva sem mediações.

Happy Hour tem momentos antológicos, como a descrição da forma como a peruagem recém descoberta de Dona Marisa (nossa primeira dama)salvou o Brasil do Chavez. Vale ver para entender.
Mais geniais ainda são os momentos de humor negro.

Há uma cena digna de Swift que fala da importância das guerras e epidemias para o controle da população. E uma outra sobre bebês e verniz genérico.

É muito interessante ver a reação do público nesses momentos. Como era de se prever o público ria pouco e ria nervoso. Um crítico mais desavisado pode pensar que o público não gostou. Mas aposto quanto quiserem que são esses os trechos que mais transformam o público e fazem ele pensar na existência. Mesmo sem rir, o público sai da peça transformado. E é essa uma das funções da arte. E é isso que faz o público pensar e é sobre isso que ele comenta com os amigos nos dias seguintes.
Tive o prazer de trabalhar com o Juca em algumas situações, aonde aprendi muitas tecnicas de escrita. E aprendi também uma ética de autor.
Juca costuma dizer que um autor não pode puxar o saco do público.
Pois quem puxa o saco fracassa. O público pode até rir durante sua peça, mas irá te desprezar. Como todos nós desprezamos os puxa sacos de todas as áreas.

Por outro lado, o público respeita o artista que lhe provoca! E lhe faz pensar!
Juca, o Swift de nossa epóca, sabe muito bem disso. E esse é um dos motivos de seu permanente sucesso!

Tem gente que pensa que para fazer sucesso precisa se vender ao público. Juca mostra que o sucesso verdadeiro e continuado vem para quem tem coragem de provocar o público.

abraço
Newton Cannito