Um era rebelde, o outro tranquilo. Um era o primo rebelde. O outro, o primo tranquilo.
Um se adapta ao sistema. O outro questiona qualquer tema.
Um quer entrar no mercado. O outro quer criar um novo mercado.
Um quer descansar, o outro quer inventar.
Um é o primo rebelde, o outro o primo tranquilo.
Ambos são advogados. Um é advogado que da pequenos golpes. O outro defende grandes golpistas corporativos
Um vende seguro de carros. O outro analisa o mercado de seguro de carros para os bancos decidirem se investem nisso.
Um quer enganar a elite. O outro sabe que se você enganar a elite é porque ela não é elite. Pois a elite é elite justamente por não se deixar enganar.
Um tenta burlar o seguro. O outro trabalha no cálculo de riscos dos bancos e insere no custo dos seguros as pessoas que conseguem burlar provisoriamente, prevendo o custo da investigação e o lucro futuro da grande multa que essas pessoas terão.
Um é self made man da malandragem, quer ser livre e ser um golpista independente. O outro topa ser sócio bem menor desde que o grandioso golpista chefe crie uma bela justificativa corporativa (incluindo a função social) e lhe dê carteira assinada.
Um era o primo rebelde, o outro o primo tranquilo.
Um, como todo pequeno burguês adolescente, gosta de se gabar de sua amoralidade, gosta de afirmar que esta acima da moral pequeno burguesa. O outro, como um agregado da grande burguesia, não pratica a moral pequeno burguesa, mas adora defendê-la com frases prontas e argumentos pré-fabricados por ideólogos corporativos.
Ambos tem preocupação social. Um termina o dia dando aula em colégio de estado falido e participa da greve dos professores do estado. Outro é executivo muito bem renumerado de uma ong educacional presidida por um banqueiro que ajuda os pobres com dinheiro incentivado do Estado falido.
Um era o primo rebelde. O outro , o primo tranquilo.
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